O responsável aponta dados de um estudo que analisa o trabalho de quatro equipas comunitárias de Saúde Mental de adultos (Chaves, Ourém, Viseu-Dão Lafões e Baixo Alentejo), que mostram, nestes casos, uma redução de 25,8 % no número de dias de internamento hospitalar e de 13,2 % na taxa de reinternamentos. Essa redução possibilita uma poupança de cerca de 3,4 milhões de euros, referem as conclusões do período analisado.
Segundo estes dados, o retorno de cada euro investido nas equipas, considerando a poupança gerada (mudança ou benefício social obtido), alcança os 4,80 euros, no cenário base real. Em cenários simulados, o benefício chega a alcançar 12,4 euros, tendo em conta o limiar máximo (limite de dias recomendados para um internamento específico, definido por diagnóstico e complexidade).
Miguel Xavier afirma que o impacto das equipas comunitárias de Saúde Mental gera efeitos positivos adicionais para a sociedade "difíceis de quantificar" e defende que parte da verba poupada deve ser reinvestida para melhorar os recursos humanos das equipas que já existiam nalguns serviços, mas que não estão completas. Segundo o mesmo, há um total de cerca de 70 equipas comunitárias no país, mas nem todas estão completas, faltando sobretudo recursos não médicos.
“O objetivo é disseminar o modelo a todo o país e conseguir completar em número os recursos humanos que faltam”, explica o responsável, explicando que, por opção, se decidiu no PRR não criar equipas em Lisboa, Coimbra e Porto, investindo em zonas com menor cobertura. “O sítio com mais falhas era toda a região da Raia, que numa primeira fase estava em mais dificuldade”, acrescentando que “com as 20 ficamos com o tudo completo”.
Para 2024, com verbas do PRR, estão previstas equipas comunitárias de Saúde Mental para adultos nas Unidades Locais de Saúde (ULS) de Medio-Ave, Tâmega e Sousa, Beira Interior, Almada-Seixal, Alentejo Central e Algarve e, para infância e adolescentes, das ULS de Alto Ave, Castelo Branco, Lisboa Odcidental e Loures-Odivelas.
Os dados epidemiológicos e clínicos indicam que as perturbações psiquiátricas e os problemas de Saúde Mental se tornaram a principal causa de incapacidade e uma das principais causas de morbilidade e morte prematura, especialmente nos países ocidentais industrializados. As perturbações psiquiátricas representam 12 % da carga global de doenças em Portugal, apenas precedidas pelas doenças cerebrais/cardiovasculares, com um peso global de 14 %.
Fonte: Lusa