Novo diretor da FMUL quer projetar Investigação Clínica “mais além”

05/08/22
Novo diretor da FMUL quer projetar Investigação Clínica “mais além”

Motivado e ciente da responsabilidade que lhe é exigida, o recém-eleito diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), Prof. Doutor João Eurico da Fonseca, partilhou com a News Farma os objetivos a atingir pela direção, os processos de reestruturação no ensino e o desenvolvimento da investigação na Medicina Clínica e consequentes “limitações organizacionais” prevalentes em Portugal. Assista ao depoimento.

Articular a comunicação e interação entre os agentes envolvidos pertencentes ao Centro Académico de Medicina de Lisboa – o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes e o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte – de modo a projetarem e a deterem em conjunto um impacto no ensino, na investigação e na sociedade é um dos eixos com que a atual direção da FMUL se vai reger nos próximos anos, sendo concretizável mediante recursos financeiros complementares, revelando-se uma tarefa “muito difícil” sem a presença destes, anuncia o Prof. Doutor João Eurico da Fonseca.

Por outro lado, focando-se na heterogeneidade que os institutos de educação detêm para a formação médica, o diretor é da opinião de que poderia ser dado um outro passo, a fim de haver um “universo de educação em saúde mais interligado”, ainda que deixe bem claro que “o ensino médico, em particular, em Portugal, prepara bem os estudantes”.

No que diz respeito às reformas concretizadas, o diretor da FMUL afirma que houve uma profunda reestruturação no ensino clínico que é lecionado no quarto e no quinto ano obedecendo a “linhas mestras” entre as quais se destacam a integração, isto é, “a junção de áreas minimamente relacionáveis para o ensino em conjunto nas áreas médicas e cirúrgicas; o ensino baseado em problemas, mediante a redução do número de aulas teóricas, passando estas a serem substituídas por recursos preparados previamente, através de consulta na internet, de preparação para as aulas teórico-práticas.

Relativamente às aulas práticas, estas aumentaram quer pelo número de horas, quer pela dimensão das turmas, permitindo uma “maior exposição à realidade”.

Passando para a investigação na Medicina Clínica, incluindo também a Medicina relacionada com as Ciências Biomédicas e com a Investigação de Translação, este foi todo um padrão global que “evoluiu muitíssimo nas últimas décadas”, enaltecendo-se o desenvolvimento internacional no que diz respeito à Investigação Biomédica e de Translação.

O cenário na Investigação Clínica em Portugal é dissemelhante, uma vez que se trata de uma área que tem suportado certas “limitações organizacionais”, em virtude do parco conhecimento de como a metodologia da Investigação Clínica deve ser implementada, como ainda da “falta de disponibilidade das estruturas onde os médicos estão a trabalhar para que essa investigação ocorra”, declara.

Afirma sorridente de que a FMUL e as faculdades de Medicina têm “uma grande sorte”, na medida em que estão a “produzir profissionais que têm praticamente pleno emprego”, atendendo que continua a haver uma necessidade de formação de médicos em Portugal e no estrangeiro. Assevera que muitos dos formandos não irão desempenhar somente funções em ambiente clínico, como outras relacionadas com o espectro político, económico, farmacêutico, de investigação, e assim por diante.

Ao nível do enquadramento internacional, o posicionamento da FMUL rege-se essencialmente à ligação com faculdades de Medicina lusófonas, com particular destaque para as que existem no Brasil, consistindo “um desafio interessante para os médicos portugueses estabelecerem estas interações”, sendo também “estimulante para os estudantes o conhecimento de realidades muito diferentes”. Um outro aspeto importante é o da FMUL, no contexto do Centro Académico de Medicina de Lisboa, “fazer parte da rede europeia de centros académicos clínicos”, conclui.

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